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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Reciclagem






Nos últimos anos, o volume de lixo urbano reciclado no Brasil aumentou. Entre 2003 e 2008, passou de 5 milhões de toneladas para 7,1 milhões, equivalente a 13% dos resíduos gerados nas cidades, segundo dados do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).
O setor movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano. Mesmo assim, o País perde em torno de R$ 8 bilhões anualmente por deixar de reciclar os resíduos que são encaminhados aos aterros ou lixões, de acordo com o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente. Isso porque o serviço só está presente em 8% dos municípios brasileiros
Se os resíduos são misturados, em geral, apenas 1% pode ser reciclado. Se há a separação correta, o índice de aproveitamento passa para 70% ou mais”, explica a diretora-excutiva da Brasil Ambiental, Marialva Lyra. Ela destaca a importância da coleta seletiva para o processo da reciclagem.
Catadores
O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) surgiu no final dos anos 90 e hoje está presente em praticamente todo território nacional por meio de 600 bases, entre associações e cooperativas, e de 85 mil catadores organizados.
Noventa e nove porcento do material reciclável que vai para a indústria passa pelas mãos dos catadores organizados e não organizados”, relatou o articulador e um dos fundadores do movimento, Eduardo Ferreira de Paula, também secretário da Rede Latino Americana e do Caribe de Catadores.
O Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos de 2009, realizado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, apontou que a participação das associações de catadores com apoio da prefeitura na coleta seletiva ocorre em 30% das cidades brasileiras.
A lei 11.445 estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e permite que as prefeituras contratem as organizações de catadores para fazer o trabalho de coleta seletiva. “Assim as cooperativas viram um negócio e não apenas uma atividade social”, afirma Eduardo Ferreira de Paula. 
Para a socióloga, Elisabeth Grimberg, coordenadora-executiva do Instituto Polis, as prefeituras são fundamentais. “O poder público municipal terá que investir e coordenar todo processo e implantar tecnologias voltadas para a reciclagem e co-implementar processos de integração dos catadores, associações e cooperativas”, afirma.
O alumínio é o campeão de reciclagem no País, com índice de 90%, segundo os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de 2010 do IBGE. Isso se deve ao alto valor de mercado de sua sucata, associado ao elevado gasto de energia necessário para a produção de alumínio metálico.


Postagem: José Evânio



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Água da Chapada (Apodi) está poluída



Audiência pública, promovida pela Câmara de Limoeiro, discutiu o impacto do agrotóxico nas comunidades

Limoeiro do Norte
Em mais de dois anos de pesquisa, a Universidade Federal do Ceará e outras instituições foram categóricos em concluir: as comunidades da Chapada do Apodi estão bebendo água envenenada com resíduos dos agrotóxicos usados na lavoura. De 46 amostras do líquido para abastecimento humano, em todas foram encontrados princípios ativos que compõem diversos agrotóxicos, alguns com uso no País sendo reavaliados.

A informação foi divulgada durante a apresentação da professora Raquel Rigotto, do Departamento de Saúde Comunitária da UFC, e que lidera o núcleo de Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade (Tramas) da universidade, ontem, na audiência pública realizada em Limoeiro do Norte.


O evento teve como objetivo discutir o impacto do agrotóxico nas comunidades cearenses. Participaram representantes de diversos órgãos estaduais e federais. O evento ocorreu após um dia de caminhadas com gritos e protestos contra os agrotóxicos.


Não cabia mais gente no auditório da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), unidade da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Estudantes, trabalhadores rurais de várias cidades e movimentos sociais estaduais e nacionais acompanharam a discussão.


Dentre os venenos encontrados, muitos são considerados extremamente tóxicos e estão sendo revistos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a fim de saber se o País ainda deve continuar usando os produtos nas plantações.


Na torneira de uma casa na localidade de Santa Fé, na Chapada do Apodi, a análise laboratorial constatou a presença dos fungicidas fosetil e procimidona, dos herbicidas tetraloxidim e flumioxacin, e do inseticida carbaril. Esses venenos, altamente tóxicos, são usados nas plantações de abacaxi, melão e banana. No tanque que abastece a comunidade de Cabeça Preta, foram encontrados nada menos do que sete princípios ativos, entre fungicidas, herbicidas, acaricidas e inseticidas.


"Estamos diante de um quadro de extrema vulnerabilidade e de grave crise na saúde pública", afirmou a pesquisadora. Raquel citou, também, dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), que informaram que, de dez poços subterrâneos analisados, em seis foram encontrados princípios ativos de venenos e metais pesados. A Cogerh confirma a contaminação do aquífero Jandaíra, o segundo maior do Nordeste e que está justamente no subsolo da Chapada do Apodi, entre Ceará e Rio Grande do Norte.


Algumas das informações apresentadas, ontem, foram publicadas com exclusividade pelo Diário do Nordeste, na última terça-feira. Desde 2006, o jornal publica matérias sobre a contaminação dos agrotóxicos.


A pesquisa realizada há mais de dois anos pela médica é patrocinada pelo CNPq. Raquel Rigotto critica a falta de consonância entre os órgãos públicos para tratar do tema. Com documentos para provar, afirma que a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) transferem, uma para a outra, a responsabilidade de fiscalizar o uso de agrotóxicos.


A audiência pública realizada pela Câmara Municipal de Limoeiro do Norte teve a participação de Pedro Luiz Gonçalves Serafim da Silva, da Procuradoria Regional do Trabalho de Recife e coordenador do Fórum Nacional Contra os Impactos do Agrotóxico. "Não existe agrotóxico seguro, e os equipamentos de proteção individual não protegem nada", alerta
.

MELQUÍADES JÚNIOR
COLABORADOR